quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Seis alunos fraudam sistema de cotas da UFPA

Mais uma fraude envolvendo o vestibular 2010 da Universidade Federal do Pará. Dessa vez, foi descoberto que seis alunos, sendo cinco do curso de Medicina e um do curso de Engenharia Civil, fraudaram o sistema de cotas destinado a candidatos oriundos da rede pública de ensino.

Os estudantes não chegaram a assistir as aulas, já que as turmas dos cursos para os quais eles foram aprovados só iniciariam neste segundo semestre. A habilitação desses estudantes foi revogada e a universidade deve divulgar, ainda nesta semana, um edital de convocação para chamar seis novos alunos habilitados a ocuparem as vagas deixadas pelos que foram desligados.

O episódio mais grave foi de um aluno de Medicina, que havia apresentado, no ato da inscrição do vestibular, um certificado falso de conclusão do ensino médio, da Escola Estadual Justo Chermont, sem nunca ter assistido uma aula na escola. O caso já foi encaminhado para o Ministério Público Federal do Pará. O estudante, que não teve a identidade revelada, terá que responder pelo crime de falsidade ideológica.

O reitor da UFPA, Carlos Maneschy, explicou que as investigações sobre as suspeitas de fraude iniciaram em março deste ano, assim que houve o encerramento do vestibular. Segundo ele, vinte alunos suspeitos de terem “driblado” o sistema de cotas foram chamados por uma Comissão de Processo Administrativo Anulatório da Universidade, criada especificamente para identificar qualquer tipo de fraude.

Dos vinte estudantes convocados, dois pediram afastamento voluntário da instituição, doze conseguiram comprovar que a documentação estava adequada e outros seis estudantes apresentaram problemas na documentação. Cinco candidatos que haviam concluído o ensino médio em escola particular haviam apresentado certificado do Desu para tentar burlar a concorrência.

“Só podem disputar o processo pelo sistema de cotas alunos que tenham cursado todo o ensino médio em escola pública e isso sempre foi amplamente divulgado pela instituição”, ressaltou o reitor.

DENÚNCIA ANTIGA

Em fevereiro deste ano, estudantes de escolas públicas já haviam denunciado que falsos cotistas teriam se inscrito no vestibular da UFPA. Na época, a instituição alegou que o Centro de Processos Seletivos (Ceps) trabalhava em conjunto com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) para verificar a validade dos certificados, diplomas e históricos escolares. “Tivemos 30 mil inscrições de alunos cotistas. Não tinha como verificar a documentação de um por um desses alunos, isso atrasaria o processo seletivo. Resolvemos fazer a investigação apenas daqueles que foram classificados”.

Ainda de acordo com Maneschy, o sistema de inscrição dos candidatos que concorrem às vagas de cotistas deve continuar o mesmo nos próximos vestibulares, porém, “a universidade estará ainda mais atenta para garantir que só ingressem na UFPA alunos que tenham conquistado a vaga por direito. O reitor afirmou, ainda, que a universidade “não vai tolerar situações como essa”.

HISTÓRICO DE FRAUDES

Novembro de 2009: A Universidade Federal do Pará anulou toda a prova de geografia da primeira fase do vestibular por suspeita de fraude. Três questões eram semelhantes a outras que já caíram em vestibulares ou tinham sido usadas por um cursinho de Belém.

Dezembro de 2009: Após denúncias de plágio, vazamento das questões e uma série de protestos por parte dos estudantes, a UFPA decidiu anular toda a primeira fase do vestibular 2010. A direção da universidade decidiu pela anulação da primeira etapa do PSS 2010 após a descoberta de que um membro da comissão de elaboração da prova possui um parente que disputou uma vaga no processo seletivo.

Fevereiro de 2010: A última etapa do vestibular encerrou com duas horas de atraso, pois foi detectada uma falha de impressão em cerca de três mil provas, em Belém e no interior. O problema foi resolvido cerca de uma hora e meia depois, enquanto os candidatos resolviam as outras provas. (Diário do Pará)

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